Em um histórico discurso inaugural de seu 2º mandato, o presidente americano Franklin Delano Roosevelt definiu que uma nação deve se recusar a deixar os grandes problemas aos ventos do acaso.
Faço questão de ressaltar essa máxima do pós-crise de 1929 para falar dos ventos que sopram em nosso pós-crise e os caminhos que devemos seguir.
A maior parte de nossos vizinhos está dando exemplo: Chile, Argentina, Paraguai e agora Colômbia fizeram escolhas maduras em suas eleições. Disseram não ao populismo de novos caudilhos e suas promessas de um capitalismo de Estado, e sim à democracia, à liberdade e à economia social de mercado. Novos ventos protagonizados por novas escolhas.
Do governo, espera-se um líder forte, mas que mantenha relações harmônicas entre os poderes e um diálogo aberto com a população. Do parlamento, espera-se responsabilidade. Evitar o discurso fácil e a demagogia das redes sociais, e colocar o pé no chão da razoabilidade para discutir a sério as graves questões do país.
Foi nesse sentido que apresentei o projeto que autoriza a Petrobras a buscar parceiros na exploração de seis campos de regime de cessão onerosa do pré-sal (menos de 10% das reservas). A empresa admite não ter condições de assumir sozinha um compromisso firmado com a União em 2010 e quer dividir os investimentos.
O projeto vai permitir uma produção adicional de 850 mil barris por dia, vinte vezes mais do que a produção de todos os poços da Bahia somados. Significa uma arrecadação adicional de R$ 100 bilhões em royalties, sendo R$ 40 bilhões aos municípios. Previsão de 500 mil empregos criados em toda a cadeia.
Estamos de uma só vez resolvendo o problema de liquidez da Petrobras, reaquecendo o setor de óleo e gás, amenizando a crise fiscal de estados e municípios produtores, e gerando empregos.
Nada, no entanto, invalida a posição de parte da esquerda que se opõe ao projeto em seu dogmatismo ideológico de quem entende a economia a partir da força motora estatal. É justo, embora se esqueçam que a queda da União Soviética se explica em boa parte pela sua incapacidade em extrair o petróleo das reservas do Mar Cáspio.
Já a outra parte tem adotado um tom de quem resume a política a um dualismo infantil do bem contra o mal assustando a população com acusações irresponsáveis.
São esses mesmos falsos profetas que estarão vendendo ilusões nas eleições de outubro. Assim como nossos vizinhos, o eleitor brasileiro precisa então reconhecer esse tipo lesivo à boa política de uma democracia madura.
Depois de uma crise profunda, similar ao período que antecedeu o discurso de Roosevelt, o Brasil não pode deixar seu destino aos ventos do acaso. Vamos fazer as escolhas que irão traçar o nosso caminho.