“Eu diria que esse é o caminho natural. Se as águas do rio correrem para o mar, ele será nosso candidato a governador em 2022. Muito mais que isso, esse é um desejo muito forte, há muito tempo existe uma necessidade que milhões de pessoas que vivem no interior do estado pedem e querem que esse modelo de gestão que foi implementado em Salvador, com os benefícios claros que foram auferidos pela população também concorra nos quatro cantos da Bahia”, afirmou, ao Bahia Notícias.
A entrevista do parlamentar ao BN contou com diferentes assuntos. Dentre eles, Azi analisou o desempenho da legenda nas eleições municipais deste ano no estado. Na visão dele, para além do planejamento feito pelo Democratas, o desgaste do PT contribuiu para que a sigla obtivesse uma boa performance nas maiores cidades baianas.
“Isso ficou muito claro nas eleições e nas duas campanhas eleitorais no segundo turno em Feira de Santana e Vitória da Conquista, quando houve um embate ideológico acirrado, com a presença ostensiva do governador nos palanques dos seus candidatos e eles foram derrotados”, opinou.
Vale lembrar que, em Feira e Conquista, o Democratas fechou apoio incondicional ao MDB de Colbert Martins e Herzem Gusmão, reeleitos para o segundo mandato. Em Feira, os democratas foram os maiores doadores da campanha de Colbert, com um aporte de R$ 530 mil. Já em Conquista, foram R$ 150 mil destinados a Herzem.
Azi também falou sobre os possíveis impactos que pode sofrer com sua imagem por ser um dos vice-líderes do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara. . “É difícil a gente fazer esse tipo de avaliação [se traz desgaste ou não] nesse momento, mas geralmente acho que o correto é as pessoas acompanharem o dia a dia do nosso posicionamento, principalmente nas votações e nos temas que são mais relevantes, a maneira que a gente pensa. Nosso partido não é de oposição ao governo. Bolsonaro, tem tido uma postura muito clara de independência. Não é um partido da base e não é de oposição, porque como eu disse, alguns temas nos aproximam, outros nos afastam”, analisou.
Ele, no entanto, se posiciona contrário ao presidente da República em relação ao combate à pandemia. “Temos o entendimento que essa postura do presidente de negar a pandemia não é a mais correta, acho que ele poderia assumir o papel de liderança máxima do nosso país e conduzi-lo num combate a essa pandemia que tem trazido um prejuízo de perdas de milhares de vidas no mundo inteiro”, criticou. Leia a entrevista completa:
A partir de 2021, o Democratas vai ser o partido que vai governar a maior parcela dos baianos, por ter conquistado as prefeituras de algumas das cidades mais populosas do estado. Com o crescimento da legenda, o senhor teme reações dos partidos de oposição em relação a este protagonismo?
De maneira alguma. Primeiro porque durante o processo eleitoral, claro que minha função como presidente estadual foi de fortalecer o partido, de buscar candidaturas próprias nos maiores municípios do estado, mas sempre fazendo questão de deixar muito claro que a gente não estava em busca de hegemonia dentro dos nosso arco de aliança. Por isso mesmo, sempre que um município tinha algum candidato de partidos aliados em situação de competitividade eleitoral, a nossa posição sempre foi de apoiar, e isso ocorreu com todos os partidos que compõem o nosso arco de alianças aqui da Bahia, e que todos eles foram considerados vitoriosos. A vitória nestas eleições municipais não pode ser creditada apenas ao Democratas, mas sim a um conjunto de forças que fazem oposição ao governo do PT na Bahia.
Apesar deste grande número de baianos, as prefeituras no interior do estado, em sua grande maioria, agora vão ser comandadas por partidos ligados ao PT, como o PSD e o PP, como garantir palanque em toda a Bahia em 2022 tendo este cenário?
Nós tivemos uma estratégia definida, muito clara, de priorizar os maiores municípios da Bahia. Hoje, os municípios que têm acima de 50 mil eleitores, que são 29 municípios do estado, representam quase 50% do eleitorado, por isso a gente teve esse foco muito definido. Ainda assim, mesmo considerando que os partidos da base do governador tiveram um número elevado de prefeitos eleitos, muitos desses prefeitos que hoje estão nestes partidos aliados têm relações muito próximas conosco, muitos deles têm posicionamento público de apoio a uma possível candidatura de ACM Neto para governador nas eleições de 2022. Eu quero crer que no momento em que oficializamos uma candidatura, possivelmente de ACM Neto, não vá existir espaço para você chegar em um município e ter lá os dois principais grupos políticos apenas de um lado. Então, mesmo aqueles prefeitos que, porventura, se posicionarem ao lado do governo da Bahia, certamente, o grupamento que está em oposição municipal ao prefeito estará conosco, isso eu não tenho dúvidas que isso vai acontecer e fatalmente nos dará palanque em praticamente todos os municípios do estado.
Ao que o senhor atribui esse bom desempenho majoritário do Democratas nas grandes cidades do estado? Foi devido a um planejamento do partido somente ou se deve também a um desgaste do grupo político de Rui?
Eu acho que é as duas coisas. Primeiro, que praticamente todos os prefeitos destas cidades grandes que eram do nosso partido ou de partidos aliados, foram reeleitos. Isso é sinal de que as gestões destes prefeitos foram aprovadas. A gente teve também um cuidado muito grande na escolha dos candidatos onde a gente não tinha um prefeito que estivesse tentando a reeleição, procurando um perfil que representasse realmente aquilo que o partido pensa de responsabilidade com as contas públicas, de atenção para as questões sociais, para procurar ter a administração de Salvador como um exemplo e um espelho a ser seguido. E claro, há um desgaste natural do PT e dos partidos aliados ao governador, isso ficou muito claro nas eleições e nas duas campanhas eleitorais no segundo turno em Feira de Santana e Vitória da Conquista, quando houve um embate ideológico acirrado, com a presença ostensiva do governador nos palanques dos seus candidatos e eles foram derrotados.
Com a vitória de Bruno Reis na capital baiana, o Democratas está indo para o terceiro mandato seguido. O senhor acha que isso consolida o partido como a grande força em Salvador, considerando que a legenda também tem a maior bancada na Câmara Municipal?
Olha, fatalmente. Quem lembra da campanha de 2012, e eu participei ativamente dela, se dizia que aquela eleição seria impossível de ser ganhada por ACM Neto dada a força que o PT tinha, naquela época no auge, com o governo federal, com o governo do estado. Então ele [ACM Neto] venceu, numa demonstração de muita coragem da população de Salvador, que apostou num candidato ainda jovem, e ele conseguiu transformar a cidade. Então eu acho que, por mais que alguém seja adversário do prefeito ACM Neto, há de reconhecer a bela administração que ele fez ao longo destes quase oito anos. Acredito que nem ele imaginava que conseguiria fazer tanto, sem contar por seis anos do apoio do governo estadual e governo federal, em que não foi feito sequer um convênio neste período. Hoje essa administração é modelo para todo o Brasil. Você não imagina a quantidade de candidatos do país inteiro que durante esta última campanha visitou Salvador e buscou conhecer essa administração de Neto, o modelo que ele imprimiu na sua gestão, para levar isso como exemplo para seus programas eleitorais e como compromisso para suas gestões caso fossem eleitos. A eleição de Bruno Reis é o reconhecimento e o coroamento, e acima de tudo a afirmação muito clara que quer a continuidade dessa gestão competente e comprometida que está transformando a cidade. Salvador hoje é uma marca do nosso partido.
A Bahia possui dois dirigentes que têm voz ativa no partido, o senhor como presidente estadual e ACM Neto como chefe nacional da sigla. Como é que fica a responsabilidade do senhor e do prefeito sobre o partido aqui no estado já que são duas grandes lideranças?
As atribuições do presidente nacional são muito grandes. Elas envolvem não só a administração das questões partidárias em todos os estados em que o partido milita politicamente, mas além disso participa das articulações nacionais, das grandes discussões que o Brasil vive atualmente, ainda mais em um momento tão difícil quanto estamos vivendo. As atribuições dele [ACM] são enormes, principalmente agora que ele tem a responsabilidade de ser prefeito de Salvador. A minha atuação é muito mais a coordenação da variação política nos diversos municípios do estado, mas claro que sempre conversando com ele, discutindo estratégias, políticas de valorização do nosso partido, buscando o fortalecimento dos nossos quadros… Sempre uma ação discutida, coordenada, conversada e todos nós temos o único objetivo de fortalecer nosso partido para que ele possa chegar em 2022 com condições reais de vencer as eleições e voltar a governar a Bahia.
Os mandatos do senhor e de ACM Neto à frente das presidências tem previsão de término quando?
Estamos no nosso primeiro ano de gestão. O mandato, tanto do presidente estadual, quanto do nacional são de três anos, portanto, ainda temos por aí mais dois anos pela frente.
O senhor disse que ACM Neto é um possível candidato em 2022. O partido já pode afirmar de maneira mais categórica que ele vai ser o nome do Democratas para a disputa do Executivo baiano?
Eu diria que esse é o caminho natural. Se as águas do rio correrem para o mar, ele será nosso candidato a governador em 2022. Muito mais que isso, esse é um desejo muito forte, há muito tempo existe uma necessidade que milhões de pessoas que vivem no interior do estado pedem e querem que esse modelo de gestão que foi implementado em Salvador, com os benefícios claros que foram auferidos pela população também concorra nos quatro cantos da Bahia. O prefeito [ACM Neto] é um nome nacional. Todas as discussões políticas que existem em nosso país, visando inclusive as eleições presidenciais, fatalmente contam com a presença dele na mesa de negociações. A gente que está em Brasília já sente diversos setores, de diversos partidos políticos, colocando ele como um nome, com um perfil ideal para lá na frente ser indicado para concorrer ao cargo de presidente da República. Mas repito, o caminho natural dele, o desejo pessoal dele é postular a candidatura de governador. Agora é claro, temos aí ainda dois anos e muita água vai rolar por debaixo desta ponte, muitas coisas ainda precisam acontecer para que esse caminho seja trilhado e a decisão de lançar a candidatura dele seja tomada. Esse é o desejo da imensa maioria, senão da unanimidade de todo nosso partido e dos partidos que compõem nossa aliança aqui na Bahia.
Deputado, o senhor é vice-líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, mas o prefeito ACM Neto vem sistematicamente fazendo algumas críticas à gestão do presidente em relação a pandemia, queria saber se o senhor endossa essas críticas que são feitas pelo prefeito.
Olha, essa minha função de vice-líder é muito regimental e interna do dia a dia da relação do Poder Legislativo com o Poder Executivo. É uma função de discutir os projetos que estão em pauta, com a posição do governo e a posição da nossa bancada. Diria que é mais uma coisa interna do Legislativo do que propriamente uma posição de defesa da pauta do governo federal. Minha posição se aproxima muito da do prefeito ACM Neto. A gente entende que o governo federal tem pontos positivos, agendas que são muito próximas da agenda do nosso partido, sobretudo a agenda econômica, e tem outras pautas que divergem daquilo que pensamos. Temos o entendimento que essa postura do presidente de negar a pandemia não é a mais correta, acho que ele poderia assumir o papel de liderança máxima do nosso país e conduzi-lo num combate a essa pandemia que tem trazido um prejuízo de perdas de milhares de vidas no mundo inteiro. Temos a liberdade de apoiar naquilo que a gente considera que é correto e bom para o país, mas também temos a legitimidade de se posicionar de forma muito clara quando entendemos que o posicionamento do presidente não é aquele defendido pelo nosso partido e, sobretudo, aquilo que a gente considera melhor para o nosso país.
Mesmo sabendo que a função de vice-líder é algo mais interno, o senhor teme algum desgaste aqui no estado, considerando que a aprovação da gestão de Bolsonaro pelos baianos não é das melhores?
Minha função é muito mais burocrática de buscar consensos entre a pauta do governo e o que pensa o conjunto dos deputados que compõem a nossa bancada. Procuro sempre agir nessa função com o entendimento de buscar diálogo e conciliação e, claro, pensando principalmente no que é melhor para o país. É óbvio que, aproveitando essa posição, também de defender os interesses do nosso estado da Bahia junto ao governo federal. É uma função muito clara de independência para com aquilo que a gente acredita. É difícil a gente fazer esse tipo de avaliação [se traz desgaste ou não] nesse momento, mas geralmente acho que o correto é as pessoas acompanharem o dia a dia do nosso posicionamento, principalmente nas votações e nos temas que são mais relevantes, a maneira que a gente pensa. Nosso partido não é de oposição ao governo. Bolsonaro, tem tido uma postura muito clara de independência. Não é um partido da base e não é de oposição, porque como eu disse, alguns temas nos aproximam, outros nos afastam.