A Santa Casa de Misericórdia de Valença que atende cerca de 300 mil habitantes, de 11 cidades do Baixo Sul da Bahia, vai reduzir a oferta dos serviços. Isso porque o Governo do Estado cortou da instituição R$ 4 milhões/ano, cerca de R$ 333 mil/mês, desde fevereiro. A grave crise financeira ameaça de forma definitiva a manutenção do atendimento prestado à população. A situação foi denunciada pelo médico pediatra e presidente do Democratas em Salvador, Heraldo Rocha. Nos próximos dias, a denúncia será formalizada junto ao Ministério Público da Bahia. Uma campanha de apoio à unidade hospitalar, organizada por profissionais de saúde da instituição e demais membros da sociedade civil, também será lançada.
Preocupado com o caos instalado na saúde pública daquela região, o presidente do DEM na capital baiana, Heraldo Rocha, considera absurda a postura do governo. “A Santa Casa está na iminência de fechar. É inacreditável e inaceitável o descaso com um patrimônio da Costa do Dendê. Este caos na saúde baiana necessita da união de todos nós”, destaca. Por conta da falta de dinheiro algumas medidas já foram adotadas, entre elas, a redução da quantidade de médicos plantonistas no pronto-socorro da unidade.
A partir do mês de agosto, devido à falta de condições financeiras para proceder o pagamento dos profissionais, o hospital terá apenas um médico, ao invés de dois, nos plantões 24h. A medida obrigará a Santa Casa a atender apenas aos pacientes em situação de urgência e emergência. Os demais pacientes serão encaminhados para consulta nos postos de saúde dos municípios.
A falta de compromisso com a saúde do Governo do Estado também deixa aflito o atual provedor da Santa Casa, o advogado Marcelo Dantas Cabral. Segundo ele, a crise financeira perpassa diversas gestões da instituição filantrópica, que há 157 anos atende a toda a região do Baixo Sul. “Há quem diga que o Governo tem feito isso para investir na rede própria, tirando dos hospitais filantrópicos para colocar nas policlínicas, o que é inadmissível. Está bem difícil a negociação com o secretário de saúde e demais representantes do Estado”, denuncia.
Além do corte do dinheiro, ele pontua outros problemas como o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS), práticas históricas e falta de repasse de municípios. Ele explica que em 2017, os gestores da Santa Casa reduziram os custos em, aproximadamente, R$ 1,5 milhão, mesmo assim, não foi suficiente para cobrir o passivo financeiro adquirido ao longo dos últimos anos (cerca de R$ 2 milhões).
“Reiteramos o nosso compromisso com a população de Valença e de toda a região, reafirmando também que continuaremos empregando esforços para superar a crise financeira que assola esta unidade. Vamos ao MP e também mobilizaremos a Câmara de Vereadores de Valença”, salienta o provedor.
Números de atendimento – Pacientes dos municípios de Valenca, Cairu, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá, Igrapiuna, Camamu, Piraí do Norte, Gandu, Wenceslau Guimarães e Teolândia são assistidos pela unidade. A Santa Casa de Misericórdia de Valença realizou 25.298 procedimentos no mês de junho. Foram 19.989 exames ambulatoriais e 5.309 atendimentos, sendo o pronto-socorro responsável pelo maior número de atendimentos. Além do pronto-socorro, são 70 leitos, uma unidade obstétrica, uma ala de parto natural e um centro cirúrgico com quatro salas. A instituição funciona 24 horas, através do Sistema Único de Saúde (SUS), ofertando 15 especialidades médicas e atendimento de média complexidade. Para mais informações: (75) 3641-8400.