Artigo originalmente no jornal A Tarde do dia 12/03/2019
“O que é liberdade? Liberdade é o direito de escolher: o direito de criar para si alternativas de escolha. Sem a possibilidade de escolha um homem não é um homem, mas um membro, um instrumento, uma coisa”.
No seu inovador e surpreendente livro “A Arte da Escolha”, a professora de Universidade de Columbia, Sheena Iyengar, nos provoca de forma tão carnal, que, depois de segui-la por trezentas páginas, fica difícil não pensar em algo que ela mesmo confessa ser levada a fazer: tornar suas escolhas um problema do outro.
Pergunto, inspirado nos versos do poeta modernista americano, Archibald MacLeish, que abrem seu livro e que reproduzo acima: isso não seria uma forma de abrir mão da própria liberdade? Claro que sim. E nós o fazemos o tempo todo de forma trivial. A maioria das vezes de forma inconsciente.
Quando, em 1941, depois da rendição da França, a Inglaterra e seu império viu-se ameaçada de invasão, todos: a Família Real, o Parlamento, os ministros, os militares e, principalmente, o povo, decidiram unir-se em defesa da liberdade e da própria existência como nação independente.
União e sacrifício foram escolhas poderosas e capazes de fomentar a resistência em uma luta extremamente desigual, contra praticamente toda a Europa dominada pelo insano Adolf Hitler. Os alemães não foram capazes de invadir e dominar a ilha, defendida com fibra e a determinação pelo povo inglês.
Se estes elementos coletivos conseguem resistir e vencer uma Grande Guerra, por que não usarmos o mesmo poder de escolha para vencermos as guerras que estamos vivendo no Brasil?
A Nova Previdência é hoje a nossa principal guerra. É a mãe de todas as outras. Sem vencê-la, não vamos ter empregos, segurança, infraestrutura e desenvolvimento. Vamos viver o pesadelo da insolvência, colocando nosso povo entre a Venezuela de Maduro e o muro de Trump.
A proposta enviada pelo presidente Jair Bolsonaro não é uma proposta de esquerda ou de direita. Assim como não foram os avanços obtidos neste campo pelos governos do PSDB e do PT. Ela é técnica e reduz privilégios Além de ser imprescindível nas simulações de contas dos governos em todos os níveis.
Será que o cidadão brasileiro, o verdadeiro interessado em evitar o desastre nacional e o maior beneficiário de uma viagem tranquila para um porto seguro, tem o direito de permanecer passivo diante de tão poderosa escolha? Será que eles podem entender que sua participação se encerrou em outubro de 2018, com a eleição dos seus representantes? Espero que não.
Nessa travessia, ou nos unimos como os ingleses e tampamos o rombo no casco do Encouraçado Brasil, ou nossa embarcação terá o mesmo destino dos navios que pereceram nas gélidas águas do Canal da Mancha.
Artigo originalmente no jornal A Tarde do dia 12/03/2019