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Artigo: Qual o próximo jogo?

Por José Carlos Aleluia

A combinação entre engenharia genética e tecnologia da informação (TI) é a bola da vez entre as inovações com capacidade de revolucionar a humanidade. Na última reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS), em junho deste ano, o assunto foi destaque no debate entre ministros da Saúde de todo o mundo.

Não que se trate de um assunto novo. Criar tecnologias utilizando sistemas biológicos é algo que vem sendo feito há milhares de anos. Seu efeito agora surge potencializado pelo papel da informática. Recentemente, o casamento entre as duas áreas já nos levou ao bem sucedido Projeto Genoma, que desvendou o código genético humano. Agora nos preparamos para um novo momento em que levantamentos genéticos se antecipam a diagnósticos, com o potencial de prevenir, modificar e melhorar a história natural das doenças.

Tenho convivido com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e participado de sua constante busca nas comunidades científicas nacionais e internacionais por trabalhos desenvolvidos no setor. Trata-se de um alinhamento que pode levar à construção de parcerias entre o público e o privado em assuntos que são de prioridade nacional. Tratamento e prevenção de doenças como câncer, Alzheimer, AIDS, ou as chamadas doenças raras, já são possibilidades em constante desenvolvimento.

Na última reunião da OMS em junho, em Genebra, ficou aprovada uma resolução para definir políticas transparentes de preços para novos tratamentos. Se comercializados de forma abusiva, estas inovações têm a capacidade de destruir sistemas de saúde públicos, como o SUS, ou até mesmo inviabilizar planos e seguros privados. Por isso a importância de, pela primeira vez ,contar com o apoio dos Estados Unidos, o que representa uma quebra de paradigma no debate da saúde pública internacional.

As oportunidades que surgem com o uso de TI aliado à terapia gênica partem da revolução industrial 4.0. O próximo jogo a ser disputado frente às inovações que podem mudar o mundo não será para amadores. Muitas perguntas precisam ser feitas. Que modelo de saúde pública vamos propiciar às novas gerações? Quais os limites éticos para a privacidade de dados e para a manipulação e terapia gênica? Como os governos irão financiar investimentos no setor?

Acima de tudo, é necessário discutir qual o norte governamental a ser adotado. Políticas públicas têm o dever de se moldar à realidade e seus avanços tecnológicos, ou corremos o risco de virar uma sociedade refém de um anacronismo estatal ou de um capitalismo sem alma.

No final das contas, discutir os avanço tecnológicos em saúde, como por exemplo, a terapia gênica, é obrigação e responsabilidade dos dirigentes técnicos e políticos, tendo sempre como fim primordial a melhora da qualidade de vida dos cidadãos e o respeitos à ética da vida.

Artigo publicado no jornal A Tarde do dia 10/07/2019