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Guerra maldita no Pós-Chavismo?

Por José Carlos Aleluia

O mais aclamado de todos os secretários de Estado americano, George C. Marshall (autor do Plano Marshall), costumava dizer que “a única forma que o ser humano pode encontrar para vencer uma guerra é evitando-a”. Marshall lutou na 1ª e na 2ª Guerra Mundial e recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1953. Sabia do que estava falando.

A guerra civil é a mais maldita de todas as guerras. Outro célebre militar americano, respeitado pelo seu país mesmo lutando pelo insurgente sul confederado durante a Guerra de Secessão, o general Robert E. Lee defendia que uma nação que só pode ser mantida pelo conflito e pela guerra civil não tem como oferecer dignidade ao seu cidadão.

A Venezuela hoje flerta com um conflito civil de proporções catastróficas ao seu povo e a todo o continente. Jogar este país em guerra é pôr querosene na fogueira da crise humanitária que bate à nossa porta em Roraima. Por isso valorizo a postura comedida que o presidente Jair Bolsonaro e as Forças Armadas têm adotado com o discurso da não intervenção. O Brasil deve usar o Itamaraty a serviço de uma solução negociada e pacífica. Incentivar uma insurgência militar parcial, que coloque o país sob um derramamento de sangue com ambos os lados apoiados pelas maiores potências militares do mundo não pode ser considerada uma opção na mesa da diplomacia.

Como vice-presidente da União dos Partidos Latino-Americanos (UPLA), tenho defendido que o ocaso do socialismo bolivariano na América Latina é uma questão de tempo. O regime de Maduro carrega para seus últimos capítulos a pobreza, o desabastecimento, a desnutrição e o êxodo como consequências de suas escolhas. É o que fica desse movimento que arruinou sua economia, sequestrou suas instituições e aprisionou seu povo através do velho populismo caudilho. A transição à democracia levará tempo e não será feita através de duas canetadas. Um governo de transição sustentável deve levar em conta a impregnação cognitiva do chavismo na população venezuelana. Regimes democráticos nascem e amadurecem com o tempo. O Brasil sabe disso melhor do que ninguém.

O caminho para a nova Constituição de 1988 resguardou, tanto aos militares quantos aos insurgentes, a anistia. Considero este o movimento mais importante para que as nossas instituições, incluindo as Forças Armadas, tenham se mantido sólidas, resguardando a nossa democracia. Que a transição na Venezuela seja feita na busca da união, da pacificação de suas instituições e na clareza de que este será só o início de um longo movimento de resgate dos valores liberais. Em momentos tempestuosos, no pós-conflito, “quando algo está feito, está feito. Não olhe para trás. Olhe à frente de seus novos objetivos”, ensina Marshall.

Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde no dia 07/05/2019