Por José Carlos Aleluia
O Brasil precisa aprender com o exemplo de Paulo Afonso
A nossa crise de representatividade é real. Mas é justo atribuir sua origem a um problema intrínseco da política? Devemos julgar a política em si, ou o mau uso que lhe foi atribuído por pessoas e partidos?
Faço essa provocação porque vivemos um tempo árido para o debate político. O Brasil está polarizado. Estamos nos unindo mais pelo ódio alheio do que pela convergência de ideias, valores e bandeiras. Ao mesmo tempo, muitos estão caindo na armadilha da generalização. Quem se beneficia quando colocamos todos na mesma vala do “político não presta”?
Ora, não existe discurso mais perigoso e mais benéfico ao mau político do que colocar todos no mesmo balaio. Não existe outro caminho para resolver os nossos problemas, se não pelo diálogo, pela democracia e pela boa política. É preciso separar o joio do trigo e entender a importância de ser bem representado. Demonizar a representação é flertar com o autoritarismo.
Atribui-se a Aristóteles uma definição peculiar: “O objetivo principal da política é criar a amizade entre membros da cidade”. A boa política para unir; versus a política para dividir os cidadãos. A política da “arte do possível”, como define Bismarck; versus a política das pautas impossíveis do populismo e da demagogia.
Tudo isso em mente na verdade é um preâmbulo para falar do que vivenciei em Paulo Afonso neste final de semana. Um dos momentos mais emocionantes em mais de 30 anos de vida pública: a reconciliação de dois irmãos, separados pela política, em cima do palanque, aos olhos dos seus eleitores. Não é preciso entrar em detalhes eleitorais para entender do que se trata.
Luiz de Deus, hoje sem dúvida o maior político da história de Paulo Afonso. Paulo de Deus, seu irmão mais jovem, exemplo maior da integridade, do humanismo e dos mais altos valores cultuados por sua família; adorado por quem o segue e um político com serviços prestados à cidade.
Após romperem pelas disparidades que a política às vezes nos traz, inclusive disputando voto a voto a eleição municipal de 2016, se fizeram juntos novamente em cima de um palanque, emocionados, abraçados e sob os aplausos de quem entende a simbologia de uma irmandade reatada.
Ou nas palavras de Luiz de Deus: “A coisa que meu pai mais falava, vocês têm que ser sempre unidos… Eu quero confessar a vocês que esse tempo, apesar de curto, me fez muita falta. Esse é meu irmão Patu, que eu sempre me dirigi com muito carinho”
A boa política une. O diálogo conspira. Os ideais convergem. A arte de criar laços, aproximar pessoas e unir uma cidade. Tem quem prefira fazer política para desunir. Mas com tanta divisão, com tanto ódio entre os opostos, que o exemplo de Paulo Afonso inspire o Brasil nessas eleições.