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Bahia: outra década perdida?

Por José Carlos Aleluia

Quando o país cresceu, a Bahia ficou atrás de Pernambuco e Ceará. Quando veio a crise, caímos mais que a média nacional. Com a atual retomada, nossa economia ainda não deu sinais de recuperação.

Estamos há mais de uma década comendo poeira do resto do país. Nessa eleição tão contaminada pela radicalização do debate político, o eleitor baiano precisa ter em mente algo muito maior: nós não podemos mais errar.

Vivemos em um estado em que o PIB caiu 8,2% nos dois primeiros anos do Governo Rui Costa. Em 2017, a indústria baiana apresentou o pior desempenho do país (-1,7%). Entramos em 2018 com o crescimento vegetativo (0,4%), três vezes menor que a média nacional.

O que a frieza desses números esconde é que durante esse tempo não foi realizado absolutamente nada de concreto para o desenvolvimento do estado. Caminhar pelo interior é perceber como paramos no tempo e perdemos o bonde da história.

Os projetos de irrigação estão abandonados. O agronegócio e a mineração ainda esperam as promessas da Ferrovia Oeste-Leste e do Porto Sul. Seguimos dependentes do transporte rodoviário com a segunda maior taxação sobre o diesel do país (18% de alíquota de ICMS).

Nenhum grande projeto de segurança hídrica foi realizado; nenhuma das 10 barragens prometidas foi concluída; 76% das estradas do estado estão classificadas como regular, ruim ou péssimo; mais de 45 mil empresas fecharam as portas desde 2015.

Somos o estado com a maior taxa de mão-de-obra subutilizada (40,5%) e o terceiro em desemprego. Mesmo no Nordeste, onde temos por vocação liderar a atração de investimentos, estamos atrás de Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco no índice de competitividade.

Para todos esses fracassos, não há justificativa que não esbarre nos problemas de gestão. Somente em 2017, o Governo do Estado foi obrigado a devolver R$ 80,5 milhões de recursos recebidos por convênios por “incapacidade de execução”. Ou seja: faltou competência na aplicação do dinheiro.

Até mesmo na área da Segurança Pública, maior desastre do atual governo, cerca de R$ 4,2 milhões foram devolvidos por “ineficiência técnico-administrativa” na execução de projetos firmados em convênios de captação.

Números que assustam ainda mais quando comparados ao valor pago ao consórcio da Arena Fonte Nova: R$ 107 milhões anuais por um período de 30 anos . O suficiente para concluir o Projeto Salitre, o Canal do Xingó e o Canal do Sertão Baiano.

A retórica política exagerada dos tempos atuais pode acabar atrapalhando o debate sobre os reais problemas do nosso estado. Olhar por cima do conflito ideológico será obrigação para o nosso eleitor entender onde estamos errando a tempo de corrigir o nosso futuro.

Artigo originalmente publicado no jornal A Tarde do dia 31/07/2018